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Especialistas em envelhecimento defendem, em Alicante, que Espanha mantenha a sua liderança na investigação nesta área

Os investigadores colocam a possibilidade de Alicante poder contar com um instituto pioneiro

O grupo de especialistas, reunido hoje em Alicante para debater os desafios que o envelhecimento da população nos apresenta, revelou que um dos grandes desafios da investigação é, precisamente, entender o processo do envelhecimento biológico para, deste modo, poder prevenir ou tratar mais eficientemente as doenças que o mesmo acarreta. Cientistas espanhóis, que trabalham dentro e fora das nossas fronteiras, e especialistas em outras áreas, coincidiram na importância de Espanha manter a sua liderança na investigação neste campo. Igualmente foi colocada a possibilidade de Alicante poder contar com um instituto de investigação pioneiro na área do envelhecimento.

Cientistas espanhóis, que trabalham dentro e fora das nossas fronteiras, e especialistas em outras áreas, coincidiram na importância de Espanha manter a sua liderança na investigação neste campo. Igualmente foi colocada a possibilidade de Alicante poder contar com um instituto de investigação pioneiro na área do envelhecimento.

O fórum internacional Reto al futuro, organizado pelo escritório Garrigues juntamente com importantes instituições e entidades locais e regionais (ver mais abaixo), revelou até que ponto é crucial entendermos porque envelhecemos, já que é aqui que reside a origem de muitas das patologias que atualmente são as principais causas de mortalidade na nossa sociedade. O fórum também abordou os desafios de uma população cada vez mais envelhecida, da perspetiva da tecnologia, da economia e do direito.

A cimeira foi inaugurada pelo presidente do Governo Valenciano, Ximo Puig, pelo presidente da Câmara de Alicante, Gabriel Echávarri e pelo presidente da Deputação de Alicante, César Sánchez, juntamente com Fernando Vives, presidente executivo da Garrigues. Mais de mil pessoas reunidas no ADDA puderam escutar um interessante debate sobre temas como: um futuro sem doenças, a leitura dos genes e a sua decadência, a ativação de genes embrionários, o envelhecimento saudável, a tecnologia para ajudar a viver mais e melhor, o quadro económico e o direito (ou não) a viver mais. Estas foram algumas das conclusões dos palestrantes:

Ángela Nieto, professora de Investigação do Instituto de Neurociências de Alicante (centro misto do CSIC e da Universidade Miguel Hernández) mostrou «que, mesmo que pareça um paradoxo, verifica-se uma reativação de genes embrionários em doenças cuja incidência aumenta com o envelhecimento, como o cancro ou a degeneração de órgãos». Além de realçar a importância deste conhecimento para a conceção de terapias, Nieto afirmou que a região alicantina, como destino e lugar privilegiado para a população de idade avançada, poderia converter-se num centro não só de discussão, mas também de evolução do conhecimento para os países desenvolvidos que já contemplam a saúde e o bem-estar como um desafio prioritário.

Neste sentido, Andrés Pedreño, catedrático em Economia Aplicada e ex-reitor da Universidade de Alicante, destacou as possibilidades que a economia digital oferece para enfrentar o envelhecimento como uma oportunidade: «Faz falta aproximações que identifiquem, além da vulnerabilidade social e demográfica, as soluções, e também as oportunidades que daí resultem se o problema for enfrentado de uma perspetiva correta. A economia digital pode passar a ser um ativo».

Sobre as investigações que estão a ser desenvolvidas, María A. Blasco, diretora do Centro Nacional de Investigações Oncológicas e especialista em mecanismos moleculares do envelhecimento, afirmou que «só somos capazes de controlar as doenças quando conhecemos a sua origem ou causa. Um exemplo disso são as doenças infecciosas. De igual modo, só quando entendermos o que causa o envelhecimento celular seremos capazes de prever e curar doenças neurodegenerativas, o enfarte do miocárdio, etc.». Esta especialista também mencionou que, embora no nosso país trabalhem líderes internacionais em áreas como a investigação molecular, não há nenhum centro que aborde o envelhecimento de forma global: «Espanha tem a oportunidade de assumir a liderança a nível mundial».

 

Juan Carlos Izpisúa Belmonte, professor do Instituto Californiano Salk, uma referência mundial em Biologia, explicou que os laboratórios de investigação se mostram otimistas perante o desafio de oferecer um envelhecimento saudável: «Otimismo não para alcançar a quimera da imortalidade, mas para tornar realidade o sonho de um envelhecimento mais saudável. Para isso, não é suficiente apenas o empenho de alguns cientistas, sendo necessário o apoio de toda a sociedade e, em especial, dos que têm efetivamente poder para decidir e atuar».

Pela sua parte, Amalio Telenti, chefe científico no Scripps Translational Science Institute, também localizado em La Jolla, referiu-se à importância de definir o objetivo das investigações: prolongar a vida da espécie, do indivíduo, ou a aposta na manutenção da saúde? «Os genes envolvidos não são necessariamente os mesmos e, por isso, as terapias (medicamentos ou alteração genética) serão diferentes dependendo do objetivo: prolongar a vida da espécie humana para além dos 120 anos, conseguir que todos os humanos vivam até à possibilidade da espécie (entre os 80 e  100 anos) ou conseguir viver de forma saudável. É altamente improvável que exista um “gene da imortalidade” que possa ser manipulado para todos esses fins».

Francisco José Iborra, diretor do Departamento de Biologia Molecular e Celular do Centro Nacional de Biotecnologia (CSIC), afirmou que, «do ponto de vista biomédico, viver mais não significa apenas viver mais anos, pelo que devemos garantir que chegamos à velhice no melhor estado possível. Isto apenas se pode conseguir se desenvolvermos o nosso conhecimento sobre os processos do envelhecimento, identificando as rotas e os alvos nos quais intervir, o que nos permitirá garantir um envelhecimento saudável».

Juntamente com o papel da biologia ou da medicina, disciplinas como o direito e a tecnologia também devem responder ao desafio de uma população cada vez mais envelhecida. Fernando Vives, presidente da Garrigues, refletiu sobre se temos direito a viver mais: «Estamos perante um processo científico disruptivo que levará a um envelhecimento da população, a uma mudança dos ciclos de vida de cada um e a uma nova forma de vida. O direito não pode estar ausente, tem que garantir o acesso geral à ciência e à tecnologia; proteger e favorecer o trabalho científico, e ajudar a estruturar a vida de cada um de nós, que será muito diferente daquela a que estamos habituados. Apenas desta forma teremos, realmente, direito a viver mais».

O ponto de vista tecnológico coube a Nuria Oliver, diretora de Investigação em Ciências de Dados na Vodafone e especialista em inteligência artificial: «Sem dúvida que a tecnologia será a chave para nos ajudar a enfrentar o desafio global do envelhecimento, melhorando significativamente a nossa qualidade de vida». Na sua palestra explicou de que forma a tecnologia ajudará o ser humano a enfrentar não só a doença, mas também problemas tão complexos como a solidão: sensores e inteligência nas nossas casas para compreenderem os nossos padrões de atividade; ferramentas para detetarem e gerirem doenças crónicas; sistemas de comunicação imersivos para estarem ligados aos nossos entes queridos; robots, emocional e socialmente, inteligentes; e tecnologia que nos permita continuar a ser participantes ativos na sociedade. «A sabedoria adquirida com a experiência é um ativo muito valioso para a sociedade, que não podemos desperdiçar», afirmou a palestrante.

Sobre o Reto al futuro

A Garrigues organizou este evento em colaboração com o Diario Información, Governo Autónomo Valenciano, APD, Universitas Miguel Hernández, Ordem dos Médicos de Alicante, Ordem dos Farmacêuticos da Província de Alicante, Ordem dos Economistas de Alicante, Câmara Municipal de Alicante, Fórum de Debate Económico, Germán Bernácer, Ordem dos Advogados de Alicante, Deputação de Alicante, Câmara de Comércio de Alicante, Associação da Empresa Familiar, Província de Alicante, Ineca (Instituto de Estudos Económicos da Província de Alicante).

A jornada terminou com uma mesa-redonda, moderada pelo diretor do Diario Información, Toni Cabot, a qual teve a participação de todos os palestrantes.